Professor da Unesp de Botucatu faz alerta para riscos da invasão de peixe-leão no Brasil
17/02/2022
Professor da Unesp de Botucatu faz alerta para riscos da invasão de peixe-leão no Brasil

Espécie são carnívoros vorazes, sendo excepcionais predadores que podem se alimentar com seu peso a cada dia e, além disso, são peçonhentos e o envenenamento pode ser grave

 

Espécie de apetite voraz, o Pterois volitans, popularmente conhecido como peixe-leão, acabou se transformando em uma grande preocupação para os cientistas brasileiros. Originária dos oceanos Índico e Pacífico, essa espécie invadiu o oceano Atlântico e começa a se espalhar pelo Brasil. Sua presença já foi registrada na costa do Pará, no Rio de Janeiro e em Fernando de Noronha (PE). O problema é enfrentado há alguns anos na região do Caribe e em países como Estados Unidos e México.

 A bioinvasão ou invasão biológica é um fenômeno que acontece quando uma espécie se estabelece e se espalha por uma região da qual ela não é nativa. O processo pode ocorrer de forma natural, mas é intensificado pela ação do homem. No caso do peixe-leão, por não ter predadores no ambiente invadido, ele se prolifera de forma descontrolada, ocupando espaço e roubando a alimentação dos peixes nativos, o que afeta todo o ecossistema.

“Os peixe-leão são carnívoros vorazes, sendo excepcionais predadores que podem se alimentar com seu peso a cada dia. Como é invasor, não há defesa adquirida pela fauna local e alguns locais no Caribe já tem populações de pequenos peixes dizimadas. São uma catástrofe ecológica. Além disso, são peçonhentos e o envenenamento pode ser grave. A beleza deles atrai pessoas desprevenidas - pescadores, por exemplo - e os acidentes ocorrem”,  alerta Vidal Haddad Júnior, professor titular do Departamento de Infectologia, Dermatologia, Diagnóstico por Imagem e Radioterapia da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB/UNESP).

Especialista em animais peçonhentos, o docente preparou um folheto com orientações e informações atualizadas sobre o problema, que pode trazer consequências sérias ao meio ambiente, à saúde pública e até mesmo à economia, afetando setores como a pesca e o turismo. No Brasil, a população de peixe-leão ainda é pequena, mas segundo Haddad, tudo indica que a situação deverá mudar.

“Essa invasão começou pelos Estados Unidos e hoje os peixes-leão são comuns no Caribe e em alguns países da América do Sul. Aqui no Brasil, já foram encontrados no Rio de Janeiro, onde podem ter sido soltos e em Fernando de Noronha, certamente vindo como invasores. Mas ainda são poucos, já que essa invasão está apenas começando. Mas tudo indica que isto vai mudar. A contenção é quase impossível. Não há predadores e nem competição pelo nicho ecológico. O que temos que estimular é a caça, com cuidados e o consumo, pois a carne é excelente”, afirma.

O professor da FMB acredita que as chances de acontecerem acidentes com essas espécies no mar são reduzidas porque a quantidade ainda é pequena. Mas, por ser uma espécie ornamental, não é raro que aquaristas se envenenem. “Caso aconteça um acidente, a pessoa deve mergulhar o local afetado em água quente (mas tolerável), de trinta a noventa minutos e usar um analgésico. Em seguida, procurar atendimento médico pois podem acontecer infecções. Caso capture um peixe-leão a pessoa deve ter muito cuidado ao manipulá-lo. Entrar em contato com as autoridades locais e com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)”, orienta.

 

Campanha

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o ICMBio lançaram no dia 11 de fevereiro uma campanha para orientar os turistas, pescadores e mergulhadores sobre o aparecimento do peixe-leão. A ação prevê a distribuição de panfletos e cartazes com informações sobre os perigos desse animal para o ecossistema marinho brasileiro e para seres humanos. O animal possui nadadeiras prolongadas e 18 grandes espinhos na região dorsal que soltam um veneno nocivo aos seres humanos, cuja toxina pode causar febre, vermelhidão e até convulsões.

Serão disponibilizadas para a população informações para quem for vítima de acidentes, que incluem cuidados no local afetado para dificultar a ação do veneno e procurar atendimento médico o mais rápido possível. Para pescadores e mergulhadores, os informativos também alertam que o animal não deve ser devolvido ao mar e que as autoridades devem ser informadas sobre local onde o peixe foi visto para ajudar no monitoramento dessa espécie.

O material, em formato de panfleto, terá ainda um QR Code com um formulário para que as pessoas possam enviar para o ministério informações sobre o local onde a espécie foi vista e/ou capturada, com envio de fotos e imagens. Os panfletos serão distribuídos em áreas costeiras prioritárias do país para orientar banhistas, pescadores e mergulhadores, caso avistem o peixe-leão.

Por: Assessoria de Comunicação e Imprensa da FMB


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