Docentes da FMB e HCFMB, da Unesp de Botucatu, conquistam Prêmio Jovem Pesquisador
18/10/2022
Docentes da FMB e HCFMB, da Unesp de Botucatu, conquistam Prêmio Jovem Pesquisador

O trabalho premiado propôs comparar diferentes formas de administração desse antibiótico em pacientes que ocupam UTIs com quadros de infecção generalizada e que levam à insuficiência renal

 

O trabalho intitulado “Comparação de Diferentes Esquemas de Administração de Vancomicina em Pacientes com Injúria Renal Aguda em Hemodiálise: Um Ensaio Clínico Randomizado” foi o grande vencedor do Prêmio Jovem Pesquisador na categoria Tema Livre Oral do XXXI Congresso Brasileiro de Nefrologia, XIII Congresso Luso-Brasileiro de Nefrologia e XIX Congresso Brasileiro de Enfermagem em Nefrologia, realizados de 21 a 24 de setembro, em Florianópolis (SC).

O estudo tem como autores o nefrologista Welder Zamoner, médico assistente da Disciplina de Nefrologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu; o infectologista Ricardo de Souza Cavalcante, professor assistente do Departamento de Infectologia, Dermatologia, Diagnóstico por Imagem e Radioterapia da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP e docente do Programa de Pós Graduação em Doenças Tropicais da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP e a nefrologista da Faculdade de Medicina de Botucatu, Daniela Ponce, responsável médica pela unidade de diálise do HCFMB.

A pesquisa premiada trata da Injúria Renal Aguda (IRA), falência abrupta e aguda das funções renais que acomete cerca de 50% dos pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e que tem como principal causa a sepse, resposta exagerada do sistema imunológico a uma infecção, que causa disfunção em vários órgãos, entre eles o rim. O paciente que desenvolve esse quadro tem que ser submetido a tratamento com diálise.

Para vencer a infecção e buscar a recuperação da função, uma das drogas mais utilizadas é a Vancomicina, antibiótico injetável, que tem uma característica que traz riscos caso a administração não seja feita dentro de níveis adequados. “Estaremos diante de uma perda da função renal causada por uma infecção que precisa ser tratada com uma droga cuja dose para o tratamento é muito próxima da dose tóxica para o próprio rim. Há um espaço grande na literatura para administrar a droga em nível terapêutico que consiga vencer a infecção mas que ao mesmo tempo não seja tóxica para um rim que já não está funcionante. A gente quer que esse paciente receba a dose adequada. Esse foi o desafio dessa linha de pesquisa iniciada aproximadamente entre o fim da década de 1990 e começo dos anos 2000”, explica Daniela Ponce.

O trabalho premiado propôs comparar diferentes formas de administração desse antibiótico em pacientes que ocupam UTIs com quadros de infecção generalizada e que levam à insuficiência renal. A forma convencional prevê que a Vancomicina seja administrada após a diálise. O estudo também avaliou outras duas intervenções: administrando metade da dose durante a diálise e outra metade no final do procedimento e de forma contínua ao longo de 24 horas.

Estudos prévios realizados pelos pesquisadores da FMB/HCFMB já demonstravam que no método convencional, durante a diálise, a droga ficava abaixo do nível terapêutico desejável, correndo o risco de não causar efeito no paciente. “Os nossos resultados mostraram que quando administramos metade da dose durante a diálise e metade no final, os níveis terapêuticos são melhores e mantidos por mais tempo e os níveis tóxicos são menores quando comparados com o tratamento convencional. Em compensação, ao usar o antibiótico ao longo de 24 horas, registramos uma frequência muito alta do nível tóxico, muito ruim para o rim. Concluímos que administrar a Vancomicina durante a diálise é mais eficaz porque conseguimos fazer com que o nível da droga não fique abaixo do nível necessário para tratar o doente e seja mais seguro porque não permite que ela fique em um nível muito acima que é tóxico para o rim”, comenta a nefrologista.

Os resultados obtidos com a pesquisa apontam para um caminho que possibilita ao mesmo tempo aumentar as chances de respostas de cura para a infecção e minimizar as chances de o rim demorar mais para recuperar sua função devido a toxicidade das drogas. Daniela Ponce enfatiza que essa linha de pesquisa vem sendo desenvolvida há mais de vinte anos e que o reconhecimento da comunidade científica à contribuição que traz para o tratamento da IRA, simbolizado pelo prêmio, merece ser dividido com todos que contribuíram com esse trabalho.

“Dedicamos essa conquista aos pacientes que nos motivam a estudar para que possamos melhorar a assistência prestada a eles, diminuindo a mortalidade que é tão elevada em infectados gravemente com Injúria Renal Aguda, que ocupam Unidades de Terapia Intensiva. Também temos que dedicar esse prêmio à equipe de pesquisa que trabalha com esses pacientes, que estuda essa doença. Aqui vai desde o professor André Balbi que criou esse grupo; nós que consolidamos essa linha; o Welder que é nosso pós-graduando, nosso doutorando e nosso médico que desenvolveu a pesquisa com esse objetivo e todos os outros colaboradores, dos pós-graduandos, mestrandos, doutorados, alunos de iniciação científica. E por fim à nossa equipe de enfermagem que cuida desses pacientes, que dialisa esses pacientes e que nos auxilia coletando o material de pesquisa que necessitamos para realizar os estudos e chegar a esses resultados que podem modificar a história natural desses pacientes”, conclui.

Por: Assessoria de Comunicação e Imprensa - ACI/FMB


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