Ministério tem relação de pessoas que contrataram ônibus que transportaram manifestantes à Brasília
09/01/2023
Ministério tem relação de pessoas que contrataram ônibus que transportaram manifestantes à Brasília

Fotos - Divulgação/Reprodução

Ministro diz tem a relação de todos os contratantes dos ônibus e todas essas pessoas serão chamadas para prestar esclarecimentos, porque os veículos não eram para excursões turísticas

 

O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou nesta segunda-feira (9) que o governo identificou em cerca de dez estados do país financiadores dos atos terroristas promovidos por bolsonaristas radicais em Brasília. Uma minoria radical de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiu e depredou o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.

O ministro da Justiça foi questionado por jornalistas sobre a identificação dos financiadores dos atos e respondeu: "São 10 [estados em que financiadores foram identificados]. Mais ou menos".

O ministro não deu mais detalhes, como nome dos financiadores e de quais unidades da federação eles são. Ele explicou que já tem a relação de pessoas que contrataram ônibus que podem ter transportado terroristas a Brasília. Entre os ônibus apreendidos estão vários que vieram de cidades do interior paulista, entre elas Botucatu.

"Não é possível ainda distinguir, nitidamente, responsabilidades quanto ao financiamento. O que é possível afirmar cabalmente é que havia financiamento. Temos a relação de todos os contratantes dos ônibus, todas essas pessoas serão chamadas para prestar esclarecimentos, porque são pessoas que contrataram ônibus que não eram para excursões turísticas", afirmou Dino.

"Então, essas pessoas, nós temos essa relação, a Polícia Rodoviária Federal forneceu à Polícia Federal, de todos aqueles que contrataram ônibus que vieram para Brasília nesse período e serão chamados prestar esclarecimentos. E esse é o primeiro caminho pra identificar os chamados financiadores", acrescentou o ministro da Justiça.

Obras de arte, vidraças e móveis foram destruídos pelos terroristas nos prédios localizados na Praça dos Três Poderes, na capital federal.

                                                                          Depredação do Planalto, Congresso e STF

                                                                                                Com G1

Bolsonaristas radicais, golpistas e criminosos invadiram e depredaram neste domingo (8) o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto, sede da Presidência da República, em Brasília.

O ataque às sedes dos 3 Poderes e à democracia é sem precedentes na história do Brasil. Os terroristas quebraram vidraças e móveis, vandalizaram obras de arte e objetos históricos, invadiram gabinetes de autoridades, rasgaram documentos e roubaram armas.

O prejuízo ao patrimônio público, de todos os brasileiros, ainda não foi calculado. Até o fim da noite deste domingo, pelo menos 300 pessoas haviam sido presas.

O presidente Lula, que estava em SP no momento dos atentados, voltou a Brasília à noite e decretou intervenção federal para assumir a segurança pública do Distrito Federal, onde está Brasília.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, afastou do cargo por 90 dias o governador do DF, Ibaneis Rocha.

 

O que aconteceu?

O movimento golpista que ocorre há semanas em Brasília, com um acampamento em frente ao QG do Exército, foi reforçado por mais de cem ônibus que chegaram de todo o país com cerca de 4 mil pessoas neste fim de semana, com ações combinadas por meio das redes sociais. Mesmo assim, o governo do DF não adotou medidas suficientes para proteger os prédios.

Na Esplanada dos Ministérios, onde está o Congresso, a PM mantinha poucos homens. A barreira policial foi facilmente vencida pelos terroristas, que subiram a rampa do Congresso. Os poucos PMs tentaram conter a turba só com spray de pimenta e tiveram que recuar. A Polícia Legislativa também não conseguiu evitar a invasão.

Dentro do Congresso, salões da Câmara e do Senado foram depredados. O plenário do Senado foi invadido e vandalizado.  Na sequência, STF e Palácio do Planalto, que ficam na Praça dos Três Poderes, também foram invadidos.

No STF, os terroristas destruíram tudo o que viram no plenário, onde os ministros fazem os julgamentos. A porta de um armário do ministro Alexandre de Moraes foi arrancada. Até comida eles roubaram. Os terroristas retiraram poltronas, molharam e rasgaram documentos. Todos os vidros da fachada do prédio foram quebrados.

No Planalto, gabinetes foram invadidos e vandalizados, incluindo o da primeira-dama, Janja da Silva. Móveis, TVs, computadores e itens de decoração foram quebrados. A tela "As Mulatas", do pintor Di Cavalcanti, foi esfaqueada. O gabinete de Lula tem uma porta com blindagem reforçada e não foi invadido. Vândalos destruíram a galeria de fotos dos ex-presidentes. Armas e munições de seguranças da presidência foram roubadas.

 

O que a polícia fez?

Já com os prédios tomados pelos terroristas, a PM aumentou o efetivo e passou a usar bombas e gás lacrimogêneo, com apoio da cavalaria e da Tropa de Choque. Alguns policiais foram agredidos.

Embora a ação terrorista tenha sido convocada publicamente ao longo da semana em redes bolsonaristas, inclusive com promessas de transporte grátis e alimentação, as autoridades do DF não agiram preventivamente. A PM do DF foi criticada por se omitir. Vídeos mostram policiais conversando com bolsonaristas e filmando a invasão do Congresso.

O secretário de Segurança Pública do DF, o bolsonarista Anderson Torres, nem estava em Brasília. Ele viajou aos EUA, onde também está Bolsonaro, de quem Torres foi ministro da Justiça até o fim do governo. Após os ataques, ele foi demitido pelo governador do DF. O governo federal pediu a sua prisão ao STF.

No sábado (7), o chefe da polícia do Senado pediu reforço ao governo do DF porque já havia recebido a informação de que bolsonaristas preparavam a invasão. Ele disse que foi ignorado.

No domingo, após os ataques, Lula assinou um decreto de intervenção para que o governo federal assuma a segurança pública do DF até o fim do mês. Já na madrugada desta segunda (9), o ministro Alexandre de Moraes afastou o governador Ibaneis Rocha do cargo por 90 dias.

 

Houve presos?

O balanço mais recente, é de pelo menos 700 presos em flagrante. Fotos e vídeos permitem identificar vários dos terroristas. Alguns golpistas transmitiram ao vivo, nas redes sociais, os atos de vandalismo que cometiam. Eles poderão responder por diversos crimes, entre eles golpe de estado, que prevê até 12 anos de prisão.

 

A invasão será investigada? O que acontece agora?

Lula disse que todas os terroristas serão encontrados e punidos. O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que a prioridade é identificar quem financiou os atos.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu ao Ministério Público Federal a abertura de uma investigação. A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, afirmou que os terroristas serão julgados e punidos de maneira exemplar. A Polícia Federal instalou um gabinete de crise para identificar os terroristas.

 

Haverá reforço na segurança?

Lula decretou intervenção federal na segurança do DF e nomeou Ricardo Garcia Cappelli como responsável. Ele é secretário-executivo do Ministério da Justiça e braço direito de Flávio Dino.

A intervenção vai até o dia 31. Com ela, os órgãos de segurança pública do Distrito Federal ficam sob responsabilidade de Cappelli, subordinado a Lula.

 

Quais os possíveis crimes cometidos?

  • Dano ao patrimônio público da União – crime qualificado. Pena: detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
  • Crimes contra o patrimônio cultural – destruir, inutilizar ou deteriorar bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial. Pena: reclusão, de um a três anos, e multa.
  • Associação criminosa – associarem-se três ou mais pessoas para o fim específico de cometer crimes. Pena: reclusão, de um a três anos (pena aumenta se a associação é armada).
  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito – tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais. Pena: reclusão, de 4a 8 anos, além da pena correspondente à violência.
  • Golpe de estado – Tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído. Pena: reclusão, de 4 a 12 anos, além da pena correspondente à violência.

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