Polícia francesa afirma que botucatuense foi vista em Paris dois dias após registro de desaparecimento
21/05/2023
Polícia francesa afirma que botucatuense foi vista em Paris dois dias após registro de desaparecimento

Foto - Divulgação

Desaparecimento de Fernanda foi registrado no dia 6 de maio, quando ela saiu do apartamento em que morava sem documentos e celular, levando apenas uma bolsa de mão, um patinete elétrico e o passaporte

 

Um comunicado da polícia francesa afirmou que a brasileira desaparecida há mais de15 dias foi vista dois dias depois do registro do seu sumiço em um departamento de Paris, o que é equivalente a um bairro.

O desaparecimento de Fernanda Santos de Oliveira, de 44 anos, natural de Botucatu, foi registrado no dia 6 de maio, quando ela saiu do apartamento em que morava sem documentos e celular, levando apenas uma bolsa de mão, um patinete elétrico e o passaporte.

Na última quarta-feira (17), um comunicado da polícia parisiense revelou que Fernanda teria sido vista nos dias 8 e 9 de maio em Melun, no departamento Sena e Marne. "Ela estava sob posse de um passaporte e um passe de transporte", disse a polícia, que ainda inclui três fotos da mulher no apelo.

No comunicado, que foi feito para convocar testemunhas à sede da polícia, as características físicas da brasileira são descritas: "Mulher de tipo mediterrâneo, medindo 1,64m, com cabelos longos, lisos e pretos e olhos castanhos. Ela tem uma tatuagem em forma de coroa de flores no bíceps esquerdo" e "fala pouco francês, com sotaque brasileiro", indica a polícia de Paris.

O apelo em busca de testemunhas também aponta como Fernanda estava no momento do seu desaparecimento: "Vestia um casaco branco com capuz, calças jeans pretas, sapatilhas brancas ou de cor clara e transportava uma mochila preta”, detalha. “Ela tinha um patinete elétrico e um capacete com ela”, acrescenta a polícia.

Segundo o comunicado, a investigação do desaparecimento está a cargo da brigada de repressão à criminalidade contra a pessoa da Direção Regional de Polícia Judiciária (DRPJ). Não há informações concretas sobre o paradeiro da brasileira. Consulado Brasileiro na capital francesa, que, em nota, afirmou que também acompanha o caso desde o dia 11.

No comunicado, o Consulado afirma que "foi informado pela equipe que investiga o caso a respeito da possível identificação da senhora Fernanda de Oliveira em Melun, nos dias mencionados", aponta a nota.

"Essas informações, bem como todas aquelas transmitidas pelas autoridades policiais ao consulado, resultado da estreita colaboração estabelecida entre essas instituições, tão logo recebidas são imediatamente repassadas para a família, no Brasil", diz o consulado brasileiro em Paris.

O Consulado ainda afirma que "tem mantido contato direto e constante com a polícia francesa, a quem cabe a responsabilidade pelas buscas na França pela nacional brasileira desaparecida," e que avalia "a emissão de apelo público por informações por parte da polícia, com a indicação de número 0800 e e-mail para contato", o que "poderá contribuir decisivamente para a localização da senhora Fernanda de Oliveira", diz.

Por fim, o Consulado pontuou que, enquanto Fernanda não é encontrada, "uma assistente psicológica do consulado, com experiência em casos similares, continuará provendo apoio aos familiares durante esse momento difícil que enfrentam", finaliza.

 

Mistério em Paris

O desaparecimento misterioso de uma brasileira há mais de dez dias, em Paris, vem mobilizando um grupo voluntário de mulheres com buscas por toda a capital francesa. Para localizá-la, um grupo de apoio a mulheres imigrantes, a Associação Mulheres na Resistência de Paris, presidido por uma brasileira, está realizando buscas pela cidade parisiense e tenta entender os motivos do desaparecimento.

No sábado (13) e na quinta-feira (18), um mutirão para procurar a brasileira foi realizado com distribuição de cartazes com fotos de Fernanda nos principais pontos da capital, como estações e parques.

“Pessoas da comunidade brasileira e de imigrantes aderiram e começamos a fazer esse movimento para encontrá-la. Distribuímos tarefas, com um grupo de duas a três mulheres que foram para bairros diferentes. Já fizemos buscas em hospitais públicos e privados aqui na França, hospitais psiquiátricos. Estamos ainda com uma lista muito grande de hospitais privados, não conseguimos concluir todos”, comenta Nellma Barreto, presidente da Associação Mulheres na Resistência de Paris.

De acordo com Nellma Barreto, sua associação foi alertada na noite de quinta-feira (11), seis dias depois do desaparecimento de Fernanda, após ter sido avisada pela família da brasileira, e realizou um boletim de ocorrência na sexta-feira (12).

Segundo ela, o desaparecimento já havia sido sinalizado à polícia pela patroa de Fernanda, no restaurante, no dia anterior. “É um dever do estado e da polícia francesa fazer as investigações, montar esse quebra-cabeça que ainda está muito difícil e tentar localizá-la sã e salva. Nós não vamos desistir, nem sair das ruas até ter uma resposta concreta sobre o que aconteceu com Fernanda”, diz.

O sumiço de Fernanda também vem mobilizando e causando angústia em familiares no Brasil. A irmã Maria Aparecida de Oliveira, de 52 anos, afirmou que o último contato foi no dia 3 de maio. "Conversamos rapidamente porque ela estava no metrô. Ela disse que me ligava assim que chegasse em casa, mas não ligou. Depois, não consegui mais contato", contou.

“Nós todos estamos angustiados. Falávamos com ela todos os dias e, de repente, ela desapareceu. Foi uma surpresa, um mistério ela ter sumido assim.”, comenta a irmã. Um dos cartazes espalhados por Paris durante mutirão de busca da brasileira Fernanda Santos Oliveira, que desapareceu em Paris, em 6 de maio de 2023.

 

Situação irregular

Na capital francesa, Fernanda conseguiu um emprego em restaurante de culinária portuguesa e mantinha ainda dois bicos como faxineira. Contanto, vivia ilegalmente no país e estava em busca de regularizar a situação. “Estava feliz, morava perto do Rio Sena e da Torre Eiffel, num lugar bom. Ela queria regularizar o visto dela e ficar por lá mesmo", diz a irmã de Fernanda.

Nellma Barreto suspeita que Fernanda poderia estar sofrendo assédio sexual em um dos trabalhos. "Nós sabemos que mulheres imigrantes são mulheres em situação de vulnerabilidade. Algumas amigas informaram que em um dos trabalhos, Fernanda já vinha sofrendo assédio sexual, mas, como acontece com inúmeras mulheres brasileiras, elas acabam não denunciando por estar numa situação irregular”, lamenta.

Desde o dia 5 de maio, Fernanda não aparece para trabalhar. Já os familiares afirmam que ela foi vista pela última vez por vizinhos no dia 6.  Uma das últimas pessoas a encontrar Fernanda teria sido uma de suas vizinhas, no sábado de seu desaparecimento. Na ocasião, a brasileira teve um surto, sendo necessário o acionamento dos Bombeiros. No local, porém, ela disse para os agentes que se sentia bem e que não tinha problemas.

“O que foi informado é que ela deu um surto no sábado à noite, os Bombeiros foram chamados, mas ao chegarem no local, ela estava bem. Eles não reportaram nenhum problema nela para encaminhá-la para algum hospital e foram embora. Foi então a última vez que a Fernanda foi vista”, revela Nellma. Apesar desse episódio, Fernanda era tida como uma pessoa "centrada" e que não dava "sinais de que estava passando por algum problema".

“Ela estava em situação irregular, mas era uma pessoa que trabalhava em três lugares diferentes. Era uma pessoa super centrada, não faltava ao trabalho. Até o momento, nenhuma pessoa que esteve com ela durante a semana que ela desapareceu, deu algum sinal de que ela estaria passando por algum problema”, diz Nellma.

 

Sonho de morar no exterior

Segundo a irmã, Fernanda sempre falou em trabalhar na sua área de formação fora do país, já que em Botucatu, onde morava antes de ir para a Europa, teve poucas oportunidades. Ela é formada como técnica de enfermagem e tinha curso de radiologia.

"A Fernanda trabalhou por mais de dez anos em uma indústria de Botucatu e, quando saiu, passou a fazer bicos como cuidadora, de motorista para idosos que precisavam ser levados a consultas médicas. E sempre foi muito estudiosa, sonhadora e esforçada", detalha a irmã Maria Aparecida.

Desde que chegou na França, em abril de 2022, Fernanda já conseguiu conhecer Amsterdã, na Holanda, e Ibiza, na Espanha. "Ela sempre me disse que queria viajar, conhecer o mundo", afirma a irmã.

Antes de ir para a França, onde uma prima já vivia, Fernanda tentou o visto para os Estados Unidos, mas não teve sucesso. "Antes de ir para a Europa, ela nunca havia saído do Brasil", revela Maria.

A irmã conta também que Fernanda sempre foi muito apegada aos familiares e tem um filho de 23 anos, que lhe deu um casal de netos, uma menina com três anos e um menino de 11 meses. "O menor ela só conheceu por fotos e vídeos, todo domingo ela falava com eles por vídeo."

Maria relata também que irmã não tem costume de sumir e ficar sem dar notícias. "Ela conta tudo para a gente, dizia que vinha estudando francês e gostava de ser arrumar. É uma mulher muito bonita, bem cuidada."  Segundo a irmã, Fernanda mora há pouco mais de um ano em Boulogne-Billancourt, região do subúrbio de Paris.

"Ela foi em abril do ano passado, viveu um tempo com uma parente nossa e acabou ficando por lá. Essa pessoa foi para os Estados Unidos e ela ficou morando sozinha. Arrumou um lugar e um emprego", comenta a irmã.

 

Apoio em Paris

Membros de associações brasileiras na França, amigos e colegas de trabalho espalharam cartazes com a foto de Fernanda em pontos estratégicos da cidade. Eles também divulgaram fotos da brasileira em jornais franceses. Nas redes sociais, as organizações pedem informações sobre o sumiço de Fernanda.

Fonte - G1

 


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