São Paulo anuncia vacinação de adolescentes a partir de agosto e antecipa imunização de adultos
11/07/2021
São Paulo anuncia vacinação de adolescentes a partir de agosto e antecipa imunização de adultos

Governo João Doria prevê aplicar a 1ª dose das vacinas em todos os adultos até 20 de agosto e começar a imunizar adolecentes entre 12 e 17 anos a partir de 23 de agosto

 

O Governo de São Paulo anunciou neste domingo (11) a antecipação da data final do cronograma de imunização de adultos contra covid-19 com ao menos uma dose de 15 de setembro para 20 de agosto. Também afirmou que, a partir de 23 de agosto, deverá começar a vacinar adolescentes de 12 a 17 anos. O anúncio foi feito um mês depois de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar o uso do imunizante da Pfizer nesta faixa etária no país e enquanto outros países já lançam mão da estratégia inclusive para tentar antecipar o retorno das aulas presenciais nas escolas.

Ainda não foi anunciada uma previsão para a imunização de crianças, pese o movimento da sociedade civil que clama pela inclusão daquelas que têm comorbidades na campanha pela ausência de estudos que garantam eficácia e segurança para este público. Com a antecipação do calendário paulista, pessoas de 35 e 36 anos deverão receber a primeira dose já a partir da próxima quinta-feira (15). “Daqui a 40 dias todos os adultos que vivem em São Paulo estarão com pelo menos uma dose da vacina no braço”, afirmou o governador João Doria. A meta, porém, depende da entrega de vacinas ao Ministério da Saúde.

De 23 de agosto a 5 de setembro, deverão ser atendidos em São Paulo com a primeira dose jovens de 12 a 17 anos com comorbidades e deficiências permanentes, além de gestantes. Toda a população de 15 a 17 anos poderá receber o imunizante entre 6 e 19 de setembro. Em seguida, entre 20 e 30 de setembro, será a vez dos adolescentes de 12 a 14 anos.

“A despeito da doença ter impacto menor em crianças e adolescentes, não é negligenciável as internações de crianças e adolescentes no nosso país”, afirma o pediatra Marco Aurélio Sáfadi, presidente do departamento de imunização da Sociedade Brasileira de Pediatria, durante a coletiva do Governo de São Paulo. A vacina da Pfizer é a única no país aprovada pela Anvisa para esta faixa etária por já ter resultados de estudos sobre a segurança e eficácia para o público de 12 a 17 anos.

“Desde que vá descendo a faixa etária e não prejudique a vacinação das pessoas maiores de 18 anos, acho que é muito importante que a gente vacine os adolescentes, ainda mais pensando o retorno presencial nas escolas”, avalia a enfermeira epidemiologista Ethel Maciel. Ela lembra que esta faixa etária já tem uma transmissão semelhante aos adultos. “Considero uma decisão acertada incluir este grupo na campanha de vacinação”, afirma. Na América Latina, o Uruguai e o Chile foram os primeiros países a anunciar a vacinação de menores de 18 anos. No mundo, países como Estados Unidos, Canadá e Reino Unido também estão entre os que já começam a ampliar o público-alvo da imunização para pessoas de 12 a 17 anos.

O enfermeiro Wanderson de Oliveira destacou que este é um passo importante para retomar as atividades escolares presenciais em segurança. “Estamos em um momento muito importante de mudar o jogo da pandemia com a vacina”, diz. “Conclamo aos brasileiros que não escolham vacina porque precisamos garantir vacinas no braço. (...) Todas são eficazes, seguras e protegem contra o coronavírus. Só teremos imunidade coletiva quando todos estiverem vacinados”, completa. Para incluir crianças na campanha de vacinação (ou seja, pessoas abaixo de 12 anos), o secretário Jean Gorinchteyn defende a necessidade de estudos mais robustos de segurança e eficácia que dê respaldo a esta inclusão no programa de vacinação.

 

Antecipação depende do cronograma de entrega das vacinas

Nas últimas semanas, o movimento de antecipação do calendário em São Paulo já vinha sendo desenhado. O governador João Doria inclusive afirmou que daria celeridade a ele na semana passada, mas ainda sem apresentar datas. Para seguir o plano, o Governo paulista comprou 30 milhões de doses extras do imunizante Coronavac diretamente com a fabricante chinesa Sinovac. Parte destas doses já começou a chegar no país enquanto o Butantan segue com a previsão de completar em agosto a entrega das 100 milhões de doses contratadas pelo Governo Federal. Mas, para São Paulo de fato conseguir alcançar a meta que estabeleceu neste domingo, dependerá do cumprimento do cronograma de chegada de outras vacinas contratadas pelo Ministério da Saúde, especialmente da Pfizer, o terceiro imunizante mais aplicado no país e até agora o único aprovado para ser usado em adolescentes pela Anvisa.

O esforço para acelerar sua campanha de imunização paulista sofreu algumas intercorrências no mês passado e a aplicação de doses acabou suspensa em algumas cidades pela falta de vacinas. Foi o caso da própria capital paulista, que em 22 de junho precisou suspender a primeira dose sob a justificativa de “grande adesão dos paulistanos à vacinação contra a covid-19″. Mas no dia seguinte a vacinação já pôde ser retornada. Agora, a equipe técnica do Governo calcula que o problema não deve se repetir.

 

Sem perspectiva de redução do intervalo entre as doses

O Brasil começa a ver uma luz no fim do túnel com a vacinação caminhando no país. Há uma expectativa de aumentar a pressão sobre o Ministério da Saúde para encurtar o intervalo entre a aplicação da segunda dose de vacinas como a Pfizer e a AstraZeneca, que no país está sendo aplicada com um intervalo de cerca de três meses, conforme defendem alguns especialistas. Até o momento, São Paulo imunizou 60,2% de sua população com uma dose e só 19,6% com as duas necessárias para completar o esquema vacinal.

A enfermeira epidemiologista Ethel Maciel afirma que os indicadores da pandemia vêm melhorando após o avanço da vacinação com imunizantes que já conferem alguma proteção após a primeira dose, como os da Pfizer e AstraZeneca. “Tivemos uma aceleração da vacinação com essas vacinas, e isso já deu um impacto. Agora, a atenção deve ser voltada para a gente completar o esquema porque em virtude das novas variantes, principalmente a Delta, a gente precisa repensar a nossa estratégia e retomar o intervalo da Pfizer para o aprovado na Anvisa e indicado pela fabricante, de 21 dias”, defende. Já o intervalo da AstraZeneca poderia ser reduzido de 12 para oito semanas.

“Temos agora que trabalhar em duas frentes: além de avançar a vacinação nas faixas etárias, completar o esquema da vacinação com duas doses”, destaca a epidemiologista. A antecipação da segunda dose também já foi defendida pelo presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, pelo cenário de variantes de preocupação em circulação. O argumento é de que, diante delas, é preciso conferir uma proteção maior aos que já receberam a primeira dose.

Mas, por enquanto, o Governo de São Paulo afirma que a estratégia paulista é de não antecipar a segunda dose da AstraZeneca. O médico Marco Aurélio, que também participou da coletiva deste domingo, argumenta que, ao encurtar o intervalo da segunda dose sem ter condições de acelerar a vacinação, deixa-se mais pessoas vulneráveis num momento de alta transmissão.


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